“Eles não podem ingerir na
política portuguesa”, dizia o empregado de Ângelo Correia, Coelho de sua graça.
A imprensa apressa-se a não noticiar. É a política do segredo. Mas eles podem
ingerir na política portuguesa, sim. E estão aliás a ingerir muitíssimo. Mas
esta forma de ingestão que é a de nos porem na frente a rasquice do rapaz de
Massamá, isso não vem do FMI. Isso é história de outras ingestões. Quanto à
confusão entre ingerência e ingestão, apenas ligeiramente mais grave que aquela
outra da aderência e da adesão, traduz tão só que se “houvessem” em Massamá
pessoas aptas à direcção do que quer que fosse (e eventualmente, “haverão”), o
empregado de Ângelo Correia não seria uma delas. Mas tem a força eleitoral que
lhe dá o número dos convencidos que falam português pelo facto (elementar) de
não falarem mais nada (e nem isso, bem entendido). Ora ioda-se, como diria um
popular jurista autóctone.
Houve um tempo em que os Melos, os
Champalimauds, os Espíritos Santos Salgados e Apimentados mandavam contratar
para o desempenho das funções “públicas” (por assim dizer) uns filhos de
feitor, de contínuo, de gasolineiro. Mas tudo se democratiza. No tempo de
Cavaco já se contratava ali uma malta da Cova da Piedade para assentar praça em
Ministro. Atingimos agora (não será?) a exasperação de tensões com esta nefasta
circunstância de até um Ângelo Correia se permitir pôr-nos na frente um
empregado de Massamá para ser incorporado como primeiro-ministro. Era o que nos
faltava. Bem entendido, quase o mesmo poderia dizer-se de Pinto Sócrates. Porém Pinto
Sócrates sobe em crise de decapitação do partido. E o Pinto Sócrates é hilariante em Castelhano, mas vai-se safando em Português. Gostávamos de o ouvir em Francês, mas ele ainda não caiu daí abaixo. (Para galinha sem cabeça, aquilo
excedeu até algumas expectativas). Para os “conservadores”, todavia, a "solução" tem
o sabor de regra. E essa regra não traduz a simples instrumentalização do
Estado. Demonstra um evidente desprezo pela dignidade da causa pública. E
significa a inviabilidade da independência política (e de todas as independências
ou equidistâncias, todas remetidas para o rol das ficções) do ponto de vista da
direita que há (a direita a quem é consentido que se mostre). Preparemo-nos
para hastear a bandeira da Confederação Ibérica. Isto acabou. Acabou,
mesmo. Imagine-se por um instante a massa de um lugar onde o Coelho pudesse ser "a nata", ainda que apenas formalmente...(Porque o Coelho já era a massa de um sítio onde o Sócrates era a nata). Concluído esse exercício, firmem-se as óbvias conclusões.
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