Enquanto a
prostituição homossexual de menores sob tutela estatal prossegue com relativa calma no âmbito da Casa Pia – segundo as denúncias públicas recentes -
as forças de segurança e os tribunais criminais ocupam-se com a
Passerelle, o
Zé dos Cães, o
Elefante Branco e o Nihgt and Day, lugares onde aparentemente, e segundo a imagem pública disponível, se propiciaria a
prostituição heterossexual de maiores de idade. São critérios. Evidentemente. Mas o carácter ilícito dos dois negócios autoriza a intervenção das forças de segurança apenas em detrimento de um deles? A Literatura atesta a aversão frequente das prostitutas relativamente aos homossexuais masculinos… Mas as forças de segurança podem ser chamadas a este
dissídio? E as alterações ao Código Penal, consentindo agora a carga policial sobre as camas de bordel – a permitir eventual detenção e processo de clientes por suspeita de cumplicidade com tráfico de mulheres estrangeiras – visa preservar os interesses de mercado das prostitutas nacionais?... A fascinação do sórdido revelada pelo Legislador, (como pela
judicatura e pelas forças de segurança) é bem demonstrativa do máximo horizonte intelectual e ético
em presença. E a selecção de alvos, brilhante. Só os nomes das “operações” nos parecem deslocados. “Operação polvo”. Que exagero. Nestas coisas deveria manter-se um mínimo de verosimilhança:“
panascracia imperante” pareceria melhor. “
Satanarquia triunfante”, também seria aceitável. Em todo o caso sempre nos parecerá preferível que os polícias fossem simplesmente aos bordeis, quando isso lhes apeteça, sem recurso a pretextos institucionais tão trágicos como cómicos. Os bordeis foram aliás feitos para gente desse nível e com essas fascinações. Já os Poderes Públicos seriam, em princípio, coisa mais séria.
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