Saturday, September 10, 2011

BAPTISTA BASTOS E O HERESIARCA PAPISTA

Num jornal de negócios, Baptista Bastos vem enumerar a longa fantasia de um "papismo de oposição", de "esquerda", um papismo humanista, inteligente, atento e culto. Falou dos "católicos progressistas", até. E gosta de Manuel Clemente. Interessante que as estruturas do papismo continuem a reproduzir este velho número com o êxito de sempre. Os públicos são distraídos. Vamos ser claros. Onde Tortolo é verdade, Manuel Clemente é mentira.Onde Escrivá existe, não há personalismo que resista. Onde se canoniza Stepinac, tanto dá que tenha havido um Daniélou como não. (Daniélou há-de relevar na Academia, certamente, mas não no juízo político a produzir sobre a execranda estrutura papista). O papismo é uma hidra. E uma das características dele é que tem sempre a reprodução "interna" do que ocorre fora dele. Mimetizam todas as igrejas orientais e todos os protestantismos. Também mimetizam - desde que convenha - movimentos políticos, posições políticas e atitudes intelectuais. Mas a verdade verdadinha, é o que o execrando Ratzinger foi vomitar a Madrid: aos olhos deles são eles quem deve decidir o que é verdade ou mentira, o que é justo ou injusto, o que é ou não liberdade admissível, ou liberdade excessiva. A realidade da igreja da pederastia não é Manuel Clemente. Manuel Clemente foi um figurante de presença agradável. E é hoje uma personagem com mais utilidades, como o demonstra a emoção de Baptista Bastos. Mas não o olhamos como nada de preservável ou de respeitável. Manuel Martins também nada significou de marcante, objectivamente falando, foi apenas um modo de explorar, em favor da direita, uma insuficiência da política de direita do governo de Mário Soares sob o bloco central. A igreja da pederastia e de Ratzinger é o que é. E será sempre o que é. Nada na igreja da pederastia pode ser mais respeitável do que a igreja da pederastia. Embora uma vez por outra se possa fazer de conta que sim. Sobretudo num jornal de negócios.   

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