Thursday, June 2, 2011

LEONARD COHEN PREMIADO PELO PRÍNCIPE DAS ASTÚRIAS


Sofreu como quem imagina a dôr. Percorreu a vida cantando paisagens e factos que se encadeavam como imagens nos sonhos de quem dorme. Amou como se sonhasse o amor. Entre os paradoxos que encontrou, o homem da tribo de Levi terá talvez descoberto o mestre que compreendeu a dor do mundo e sobre ela derramou a benção de uma lágrima de compaixão. Deu então a si mesmo o nome do silêncio e seguiu as estradas do Shakyamuni para a luz. Deus saberá em quantos redis vivem as suas ovelhas. Mas nós temos a certeza íntima que a inteligência revelada na inteligibilidade do mundo ensinará ao levita a identidade própria e nisso lhe revelará o que em nenhuma palavra conhecida pode dizer-se. Há percursos pessoais com significado universal. É belo que um príncipe ligue ao seu título a tarefa de apontar alguns deles, pese embora a imodéstia aparente de atribuir prémios a quem está já além de todos os prémios. Não sabemos se com tão gratas tarefas o presuntivo Filipe VI se fará aceitar como Rei das Hespanhas. Mas é verdade que assim atraiu sobre si os olhares dos mais despertos dos homens. Deus o guarde, seja qual for o veredicto que a História Política do futuro ditar à Coroa Espanhola.    

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