O impacto português na presidência da Comisão Europeia foi de vulto. Durão Barroso na sequência das suas habitualmente brilhantes intervenções à moda da terrinha teve baptismo imediato no novo contexto: "senhor banalidades". Tal fenómeno decorre da vacuidade no papel. É vulgar em Portugal. A criatura apresenta-se a "querer ser" (em regra, a querer "ser alguém") e arrasta-se numa série de colagens (desde as entoações de actor - nos tempos em que havia actores imitáveis - às gravatas e gestos alheios). Uma boa concretização poderia vir dos bancários do BCP, coitados, todos fardados nos seus fatinhos cinza escuro desde as oito da manhã. Os vendedores de automóveis seguem-lhes o exemplo. Mas também há o labrego de qualquer uma das imodestamente chamadas grandes lojas de cá, que se veste assim em memória das quintas à noite e sem perceber que a noite não começa às oito da manhã. É realmente necessário explicar-lhes tudo e muito devagarinho. Contudo, a coisa não parece completamente mal. Não há verdadeiramente objecções a que se revistam com os tons da pelagem de rato. Esta ambiência, mais a menina Uva, produziram o Barroso (Com a necessária especificação que uma avença do Espírito Santo não limitará do mesmo modo que um emprego no banco de jardim da opus). Mas o papel da Uva na história é uma razão de ressentimento apreciável quanto à menina Uva. Há umas especificidades da margem sul, mas globalmente a coisa está certa. É assim. O que faz a diferença entre Coito dos Santos e Barroso é que ao primeiro faltou a Uva. Ambos medraram no mesmo solo. Mas o segundo tem os enjoos da Uva como indicador. Isso ajuda a compor tudo. Embora não baste para dizer coisas interessantes e muito menos para entender coisas importantes. A vida tornou-se-lhe um inferno, desse ponto de vista e com toda a probabilidade, desde que o Dr. Arnaldo Matos perdeu a disposição e a oportunidade para lhe dizer o que pensar. E ele tem feito uma útil carreira dizendo banalidades. Aqui mal se nota, em todo o caso. É o que todos fazem e ia ser um grande sobressalto se alguma destas funções deixasse de reproduzir banalidades. O sistema tornava-se imprevisível. É desta extraordinária ordinaridade que emerge o Rogério Alves. (Como emergiu o Barroso, embora este venha do outro lado deste pequenino mundo). Apresentou-se com um alto débito na recitação de preceitos positivados. E a minuta verbal opera. É um bocadinho limitado. É todavia assim. A matraca não é um piano. Mas quando lhe faltam os preceitos positivados, a coisa degenera rapidamente. Ele está ali para "ser" (como aliás quis). Não para fazer e muito menos para se fazer pensar. Estamos à porta da tragédia. O agir segue o ser. E quando para "ser assim" é preciso fazer alguma coisa, Deus consente-o, o Alves faz-se e a desgraça nasce. Em Palma pediram-lhe umas palavrinhas imprevistas quanto ao caso Maddie. Um chorrilho de banalidades. E não se pode dizer tão facilmente que não há nada de errado com a banalidade depois de Hannah Arendt ter acabado o seu Eichmann em Jerusalém. Eis, em todo o caso, as banalidades de Alves em Palma. Uma pergunta: terá ele submetido previamente a sua intervenção pública à comissão de censura? A comissão de censura só consentiu, para defesa dos constituintes, uma intervenção pública em Palma? (Suporia ele que ninguém ia notar?)
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