Thursday, October 18, 2007

“OPERAÇÃO FURACÃO” ATACA EDITORAS

Os jornais de hoje vêm cheios desta portentosa notícia, diante da qual é preciso fazer uma breve rememoração. Os Bancos fizeram angariação de clientes seus para serviços seus de fraude fiscal. Esses serviços estavam entregues a advogados especializados. (Eventualmente daqueles que o Conselho Superior da Ordem anda fazendo). E esses especialistas, como boa parte dos especialistas oficiais, são simples atrasados mentais. De modo que a Polícia encontrou-lhes ficheiros dos clientes de tais serviços da especialidade. (Ao menos podiam ter isso num arquivo inacessível e on line, mas não, os imbecis, muito agarradinhos, à portuguesa, tinham que ter aquilo materialmente com eles). As Administrações da Banca resolveram o seu problema de dois modos. Primeiro, pondo o Salgueiro a protestar com aquela cara de homem sério e sabedor, conjurando as catástrofes por vir se as coisas assim continuassem. Depois, entregando os clientes que, eles próprios, haviam angariado para as actividades ilícitas que eram suas (se acaso tiver sido só isso o que entregaram). Naturalmente, o facto do Director Geral dos Impostos da época ter vindo da administração do BCP e ser membro da Opus, é mero detalhe. Embora esse detalhe coincida com o facto do BCP ter escapado incólume à humilhação das buscas bem sucedidas. Entretanto a “operação” segue e segue e segue. (Noutros termos, eterniza-se, eventualmente como modo de pressão… Porque alguém tem de pagar as campanhas eleitorais, designadamente). E é talvez o momento dos visados porem alguém a protestar com cara de homem sério e sabedor, a conjurar as catástrofes por vir se as coisas assim continuarem. Não pode ser o bastonário Alves (embora ele aceitasse, claro). Nem o Saldanha Sanches (que presumivelmente arranjaria modo de aceitar). Mas há-de haver um antigo Ministro das Finanças disponível. Há sempre. É evidente que a chamada Banca portuguesa é indigna de qualquer confiança e que – de Badajoz a Moscovo – muitos dos seus administradores já estariam atrás das grades há algum tempo. Mas aqui arranjar-se-ão umas vítimas sacrificiais para os substituírem. E pode bem ser a Porto Editora, ou a Texto. Ou qualquer outro. A menos que apareça uma cara de homem sério e sabedor a conjurar as catástrofes por vir se as coisas assim continuarem. Em tal circunstância, certamente aparecerá um contínuo como universal culpado a condenar exemplarmente, ou – é uma alternativa sempre fácil - o processo morrerá inconclusivo. Ora a catástrofe é fácil que isto anda tudo preso por arames, sobretudo do ponto de vista financeiro. Contratar uma tal cara nem sequer sairá especialmente dispendioso. Tudo se massifica. (Até as originalidades radicalmente singulares). João Salgueiro já veio protestar outra vez com aquela cara de homem sério e sabedor, conjurando as catástrofes por vir se as coisas assim continuarem. -lo a propósito do recentíssimo caso Jardim Gonçalves filho e daquela (irrelevância?) dos doze milhões de euros. Vejam como a técnica é eficaz. Bem entendido, mais eficaz do que a técnica será sempre a própria desgraça. E também essa não deve excluir-se. Evidentemente. O Estado é fictício (q.e.d.). Completamente entravado ou entravável por pinheiros, pereiras, silvas e pintos a entrar em quaisquer portas. (Não falando já de oliveiras, figueiras, nogueiras, porventura, mesmo, melancias e nabos). E não pode, portanto, excluir-se como hipótese (plausível) o facto de um tal processo estar a ser movido, (ou poder sê-lo a qualquer momento), pelos próprios interesses financeiros que haveriam de ser neutralizados mas que, bem ao contrário, assim podem pressionar, se o não estiverem fazendo já – e a pretexto do aparelho de justiça – quaisquer outros agentes económicos. Não deixa aliás de ser interessante a selecção (evidente) das vítimas a oferecer à opinião pública. Especialmente interessante, até, do ponto de vista do famoso sigilo das investigações. Pronto. Está feita a recomendação. Uma cara de homem sério e sabedor, conjurando as catástrofes por vir se as coisas assim continuarem. Há várias caras disponíveis.

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