Wednesday, October 10, 2007

O DESASTRE BALTAZAR GARZÓN

Numa judicatura de gente sem modelos de conduta – de gente sem educação, portanto – Baltazar Garzón substituiu o modelo da bravura dos magistrados italianos que se opuseram à máfia. Muitos dos rapazes e raparigas judicantes à moda da terra gostariam de se parecer com ele. (Embora, coitados, lhes sobrem os tiques de meros funcionários administrativos, colados sobre o modelo da mais acéfala aplicação escolar). E, portanto, Baltazar Garzón diz-nos respeito. Ora, não obstante o seu ar desempoeirado, Garzón promete sair caro a Espanha. Foi ele quem boicotou o projecto Zapatero de apaziguamento e quem, enquanto corriam as negociações com a ETA em cessar-fogo, continuou a martelar a organização até a forçar ao regresso às armas. (Sentiram-se, parece, a fazer figura de parvos, negociando muito quietinhos enquanto Garzón os martelava). Agora, fundando-se na sua própria jurisprudência, Garzón procura perseguir todos os nacionalistas Bascos e lá vai andando, paulatinamente, em alargamentos sucessivos. E a coisa não pode dar bom resultado. A judicatura não é lugar adequado para travar combates de projecto político. Primeiro, porque isso viola o princípio da separação dos poderes. Depois, porque se o debate político se faz com o emprego da força, então… E, por último, porque se a judicatura excede o respeito pelos valores consensuais, a síntese política constitucional aproxima-se do colapso. Garzón é pois um modelo que – se continuar a ser seguido – exponencia um velho problema da jovem judicatura portuguesa: é que nem ele nem estes fazem a menor ideia do que estão a provocar. Aquele, como protagonista. Estes, como caricaturas.

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