Wednesday, October 3, 2007

Marinho Pinto: de submisso súbdito a chefe insurrecto

Marinho Pinto tem dito coisas estimáveis. Mas não tem programa. Pensa suprir a falta de programa (como todos os outros) polvilhando os jornais de ideias soltas. Nenhuma posição se lhe conhece em matéria de princípios. É um jornalista. Que pensa ele da protecção à Liberdade de Expressão? Que pensa ele do modo como a Ordem persegue a Liberdade de Expressão do advogado em audiência ou em processo? Que pensa ele dos mais de quatrocentos processos criminais contra advogados pela intervenção em processo? ... Ele não diz. Não apresenta (tal como Garcia Pereira) nenhuma lista para nenhum Conselho de Deontologia, nenhuma lista para nenhum Conselho Distrital. Qual é a utilidade da sua eleição, então? A de ficar limitado pelos outros? Mas que pensa ele do facto dos Conselhos Distritais terem as competências (proibidas) de Comissão de Censura? Que pensa ele dos Conselhos de Deontologia se portarem como uma polícia política?... Não diz. Que pensa ele da gente de João Correia no Conselho de Deontologia de Lisboa (gente do futebol, gente dos copos, gente de casino e jogo compulsivo, gente, provavelmente de muito mais coisas) que pensa ele dessa gente a instruir (contra) e a patrocinar (em favor) do Romeu Francês caído em desgraça? ... Ora aí está uma coisa que mereceria referência. (O sindicato do Ministério Público referiu) . Que pensa ele do Estatuto Júdice, esse vómito?... Não sabemos. Nada sabermos disto, está longe de ser indiferente. Porque bastaria a revogação, uma a uma, das disposições inconstitucionais do estatuto e bastaria a definição de critérios de acção em alternativa para... ter um programa. Ora não há programa. E não o há em nenhum candidato. As circunstânciaas não podiam ser mais estranhas. Temos como pista - e evidentemente - o passado de Marinho Pinto. Na Ordem, foi ajudante de campo de Júdice e, se foi demitido a tempo de não poder ter sido cúmplice no "novo estatuto", a verdade é que foi promovido por Júdice, revelado por Júdice e a Júdice se dirigiu vezes de mais (publicamente até) na posição de um... súbdito. É verdade que veio atacar José António Barreiros lá por umas coisas de Macau... E isso teve o gosto de uma resposta do Alberto Costa (ainda que sem a contenção do Alberto Costa). Não é muito. Marinho Pinto pode fazer certamente melhor. Ter sido um súbdito, segundo a imagem pública, não é decisivo. Decisivo é o que se quer. E o que se consegue. É inegável que Marinho Pinto polarizou o mal-estar nas eleições anteriores... E que fez ele depois disso? Para que serviu isso? Para que serviria a eleição de Marinho Pinto?

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